30 de mar. de 2008

TIGRES QUE NÃO ACONTECERAM

(um quase poema de Augusto de Guimaraens Cavalcanti)
para meu primo

imagino os gatos invadindo as cidades
como pequenos tigres
dominando as ruas
com seus pelos rajados
com suas garras sombrias
afiado fio cartilagem
arranhando o asfalto
concreto selva quente

felinos vira-latas
bêbados de becos
vielas de encantos
noites de sangue quente

os gatos são tigres que não aconteceram
o amanhecer nos dentes tigres
de um gato de pelos de prata
sal de estrelas

os gatos
tigres entrincheirados
nas galáxias

7D.

23 de mar. de 2008

os deuses também morrem (para Mariano Marovatto)


Americanos são muito estatísticos Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos Olhos de brilho penetrante que vão fundo no que olham, mas não no próprio fundo Os americanos representam boa parte da alegria existente neste mundo Para os americanos branco é branco, preto é preto (E a mulata não é a tal) Bicha é bicha, macho é macho, Mulher é mulher e dinheiro é dinheiro E dançamos com uma graça cujo segredo Nem eu mesmo sei Entre a delícia e a desgraça Entre o monstruoso e o sublime Americanos não são americanos São velhos homens humanos Chegando, passando, atravessando. São tipicamente americanos. Americanos sentem que algo se perdeu Algo se quebrou, está se quebrando.

(Caetano Veloso)

a hot-colored concretism nas rodas yankees das landscapes,
nas pegadas de ritmos da dança e da corrida.

as fronteiras épicas não são nada,
nostálgicos somos nós no meio desse cimento e trancendentes trânsitos,
ruínas e mares altos de areia e tempestades, passos de surpresa ao luar.

nossos semióticos babalorixás augusto Pajé dos Campos Haroldo Surreais Galáxias Pignatari.


fronteiras não são nada,
afogamos as sombras na grande America mãe 66,
a mátria de Pindorama sonhada por Lee Oswald,
somos nós na estrada das palavras invisíveis
(só acreditamos nos homens que choram),
os labirintos de anjos do deserto nos gritam silk-screeners e riffs de lamentos beijos soprados, estrelas explodem nas bocas.

palhaços amargos da caravana tristeza nessa harmonias de diamantes desafinados das unhas, jazz crazy keys nos meios-fios da nossa sede,
argamassas das selvas.

ladrões noturnos de belezas nos buscam em túneis de tintas,
nas freeways siderais do qual fala Jean Baudrillard, é o Cabeça de Vaca inventando o xamanismo, são os jesuítas inventando o samba, é o maneirismo atômico de Tico e Tinoco,

é a Tropicália democrática de Padre Antônio Vieira.

estrelas explodem da boca, seus deuses renascem um a um.
América, tudo porque ainda esperamos pelo dia em que seremos cósmicos, ladrões noturnos de nós mesmos, Flash Gordon e Little Richard nos saudam em nossos sorrisos totêmicos rockin around the universe.

suavidades de santuários de petróleo porque ainda esperamos pelo dia em que seremos cósmicos
nos mergulhos de amores jurados de desertos celestes because we have visions instead of televisions,
Flash Gordons de Macedônias dos nossos mid-wests e julgamentos da história,
na vitória da surpresa somos o Sunset Boulevard das veredas das telas de sangue,
América e seus mitos em conserva,
compre sua hóstia no supermercado e veja mitos caindo um a um,
seus deuses também morrem e renascem nesses sinais do corpo,
delicadezas flutuam e por que não haveriam de flutuar???


7A.

17 de mar. de 2008

Bumba Meu Bull (Reloaded)

Salve o desejo da grávida
que deglutiu a língua da América
não este inglês Pato Donald Yanke
mas quela Babel pré-colombiana de sensasons

Bumba meu bull
manchado de estrelas de vermelho azul
cansado e triste
mas Bumba meu bull
toma a sua ilha perdida
flutante sobre o amazonas
e aterrisa como cometa
na planície cinzenta
de um lago Michigan

destroça essas cores que te afogam
num maremoto de outras intensidades
sacode essa bandeira que te enforca
renasça pelas mãos do elixir do pajé
e rumine esta língua que é cetro
para fazer ressurgir
como flor de estrume
tudo que ficou reprimido
neste enorme Pasto América

7D

6 de mar. de 2008

BUMBA MEU BULL

Salve o desejo da grávida
que deglutiu a língua da América
não este inglês Pato Donald Yanke
mas quela Babel pré-colombiana de sensasons


Bumba meu bull
manchado de estrelas de vermelho azul
cansado e triste
mas Bumba meu bull
e toma a sua ilha perdida
flutante sobre o amazonas

sacode essa bandeira que te enforca
renasça pelas mãos do elixir do pajé
e rumine esta língua que é cetro
para fazer ressurgir
como flor de estrume
tudo que ficou reprimido
neste enorme Pasto América

7D