24 de mai. de 2007

júlia

aqui não existem princesas,
somente belas salas.

aqui se anda de deserto coberto pelas quatro tardes.
aqui nenhuma tomada nenhuma morfina.

aqui sempre uma frase pronta no cotovelo das horas.
algo como um aleluia ou um assalto.
aqui nunca se entende muito bem o que os cowboys fazem dançando música eletrônica no meio daquele deserto de lá.
no deserto de cá esses óculos escuros me cabem muito bem.

no espelho do que não vejo,
navalha.
por de baixo o segredo.
como uma artéria inchando,
como um peito de areia,
nenhum alto-falante me guia.

aqui o meu acaso bem pago.
aqui essa tela de prêmio e os relógios que me desaceleram.

Antonioni estava certo,
tenho febre de espaços.

agora transparente não espero,
passo.
mastigo alguma lua de chiclete,
as aparências nunca enganam,
antonioni estava mais do que certo.

aqui sou caça bem suponho nessa superfície de antenas nesse presente exposto até a última artéria iluminada por todo aquele escuro de nós mesmos e belas guitarras dissonantes poetas cuspindo um dia-a-dia tecido em balões de ar.

ela tinha flores no cabelo,
eu escapei pelas paredes,
ela tinha paredes no cabelo.

quero radiografar tudo,
um toldo preto infinito em uma cortina de areia.
você sorrindo no meu fim.

7A.

Um comentário:

Anônimo disse...

Radiografia lunar da tarde esquiva! Mulheres buma ilha perdida! Início da civilização!