colocar um nome nas coisas seria colocar etiquetas com seus preços.
a poesia de Miami não classifica as coisas, é o poema da ausência de artigos, a polidez do frágil, cemitérios de arranha-céus.
venha ver os pincéis invisíveis formarem seus hai-kais de propagandas, venha ser visto pela televisão (espelho invertido), a tela forma o alfabeto. a poesia nasce do samurai nas coisas, da instabilidade. a história joga pela vidraça todas suas nuvens de chumbo.
a censura é o próprio espetáculo, a inocência cósmica é o jogo a ser buscado.
bebês marcianos passeiam no costume do planeta, o sonho coletivo é a cidade, o filme absoluto. a grande partitura (cada degrau é um som, cada TV um caracol).
cabeças humanas com etiquetas, só o exílio sonoro da memória eletrônica nos salva, nos salvou do espiral da deusa imã sem sol.
cada recordação cria sua própria legenda, seus faróis de petróleo, que o abandono seja a própria festa, que os grafites elétricos sejam oráculo para nossa próxima bíblia.
que se possa respeitar os espíritos dos carros enguiçados.
o sonho coletivo é a cidade,
Miami,
o único filme absoluto.
14 de set. de 2007
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Um comentário:
Alguns preferem cantar Paris, eu prefiro a cidade desesperada de Miami (me-ame), cidades dos naufragados, afogados em quartos absurdamente vermelhos........
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