Eu e meu avô em 2001.
Uma pausa no caos do dia-a-dia para uma homenagem mais que merecida.
Hoje, pela primeira vez na vida, me despedi de um poeta. Pra mim, mais do que um grande poeta, você é o meu avô. E se você não me ensinou a soltar pipa ou jogar botão, como muitos avôs fazem por aí, me ensinou outra brincadeira, talvez mais lúdica e lírica: este ofício do verso. Tenho até hoje na gaveta aquele primeiro poema que você rabiscou com carinho, fazendo umas modificações, e me devolveu. Eu fiquei ali orgulhoso como criança que recebe uma pipa resgatada, e toda remendada, do quintal do vizinho. Lembro desse poema, ou dessa pipa, porque lendo uma carta sua para Carlos Drummond de Andrade mais uma vez você me ensinou essas coisas que só um avô ensina. Nessa carta você comentava o falecimento de sua mãe, Zenaide, e dizia assim:
“...esta tristeza que, embora inevitável, sempre procurei ver adiada no tempo, já que ela, com viver quase noventa anos, habituou-nos tanto à sua presença que era penosa a simples idéia de perdê-la. Mas a perda veio, e diante do irremediável o que se deve fazer é buscar o conforto no que ficou de melhor e mais grato em nós do convívio com a pessoa amada”.
E hoje vô o que fica em mim são essas lembranças de tantas histórias sobre poesia, ou daquele dia em 1994 quando você, meu pai e eu pulamos juntos, abraçados, na conquista do tetra campeonato mundial de futebol, ou tantas e tantas outras coisas que um silêncio explica melhor.
Em um soneto você pede pra que não se diga Adeus, mas apenas até breve e se em outro você diz que já estava cansado da busca pelo sumo das palavras, pode descansar tranqüilo que a gente continua esse caminho por você!
Até breve meu avô.
Alphonsus de Guimaraens Filho, poeta, meu avô. Nasceu em Mariana a 03 de junho de 1918 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 28 de agosto de 2008.
“...esta tristeza que, embora inevitável, sempre procurei ver adiada no tempo, já que ela, com viver quase noventa anos, habituou-nos tanto à sua presença que era penosa a simples idéia de perdê-la. Mas a perda veio, e diante do irremediável o que se deve fazer é buscar o conforto no que ficou de melhor e mais grato em nós do convívio com a pessoa amada”.
E hoje vô o que fica em mim são essas lembranças de tantas histórias sobre poesia, ou daquele dia em 1994 quando você, meu pai e eu pulamos juntos, abraçados, na conquista do tetra campeonato mundial de futebol, ou tantas e tantas outras coisas que um silêncio explica melhor.
Em um soneto você pede pra que não se diga Adeus, mas apenas até breve e se em outro você diz que já estava cansado da busca pelo sumo das palavras, pode descansar tranqüilo que a gente continua esse caminho por você!
Até breve meu avô.
Alphonsus de Guimaraens Filho, poeta, meu avô. Nasceu em Mariana a 03 de junho de 1918 e faleceu no Rio de Janeiro no dia 28 de agosto de 2008.
3 comentários:
adeus, farewell, it's sad but lovely
tear drops dance with joy in our
hearts. the poet is alive.
Thanks Elisa!
Se não for pela poesia como crer na eternidade?
7D.
Olá Domingos,olá Augusto!
Sou Lucas Guimaraens,primo distante de Minas Gerais. Antes de tudo, e como já disse ao Afonso Henriques (tio ou pai?),há um nó na garganta com a partida do tio Afonso, o grande Poeta.
Neste momento de dor, e ainda com ela, é necessário fazer viver a vida e obra desse nosso grande Poeta. Desta forma, pediria a vocês, se possível, que me enviem uma foto do tio Afonso (200bpi)para um especial em sua homenagem que sairá no journal Estado de Minas. Já fiz esse pedido ao Afonso Henriques mas imagino que a comoção deva ser muito grande e impede/dificulta os afazeres do dia-a-dia. Então, aguardo notícias, ok? O fechamento da edição será amanhã às 18h00.
Fora isso, maravilha o trabalho seus! Fiquei muitos anos fora e não sabia dessa nova geração na família!
Grande abaço do primo
Lucas.
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