9 de nov. de 2010

In MC we trust (por 7A)

Dia e noite o Mc Donald’s hasteia sua bandeira norte-americana, contrariando as leis de seu país original que diz que somente nas instituições nacionais a bandeira estado-unidense pode tremular depois do pôr do sol. Mas talvez seja isso, talvez o Mc Donald’s esteja para muito além de qualquer pôr do sol. Talvez este seja o descontrole controlado de seu clown onipresente. Não é à toa que Ronald é fruto da televisão. A multidão solitária clama por esta intranquilidade instantânea. A ordem é que os clientes se emocionem antes de estacionar. Esta é a ciência do hambúrguer; procure pelos seus arcos dourados. Pense na América transmutada em Iracema. Depois de meia-noite a América é Iracema de ressaca.


Luzes e cores valorizam o espanto. A cidade agora é mero pano de fundo para este laboratório de metáforas visuais. Com seus sorrisos antissépticos os atendentes te oferecem simulacros de refrigerantes. Aquários humanos se transformam em grandes avenidas de brilho e de alegria. A fúria da máquina também é saber que também precisa reluzir a todo instante, como quem sempre tivesse que soltar espasmos pulsantes na obrigação de explodir seus pontos de exclamação por onde quer que se passe. Fundos luminosos defendem que o sucesso está no excesso. De que o ketchup utilizado pela empresa poderiam encher o lago Michigan, de que os bilhões de hambúrgueres vendidos poderiam cobrir por várias e várias vezes a distância da Terra à Lua. Este é o real sem avesso, de deriva em deriva; até os ossos. Para os americanos estar na imagem é existir. O país Marlboro está no ar. Que Deus salve a América e a torta de maça.


2 comentários:

Tratamentos naturais disse...

Por isso os Estados Unidos são um país doente... a comer lixo

Fernando Maia disse...

Sensacional. Engraçado... nunca fui ao Mc mas esse ponto de vista faz tanto sentido que tive uma vontade passageira de entrar numa dessas "metáforas visuais" para tirar algumas dúvidas e criar algumas conclusões sobre Ronald Mc Donald’s.