10 de out. de 2007

O tempo (para um encontro em Diadema com Roberto Piva, Afonso Henriques e Cláudio Willer, outubro de 2007). (7A)

O tempo profundo da terra,
decaimentos radioativos,
multas altíssimas.

Encontrar Foucault em um coma poético de qualquer sarjeta do Baixo Leblon,
Clarissa foi minha Nadja nos meses de julho e agosto.
(Nadja me roubou todos os subterrâneos de Bakunin).
Compassos do parafuso circular,
big bangs nos espirais das Teleilusões.
(me lembro de meu tio dizendo que os dias estão cada vez mais curtos, daqui a pouco terão 22, 21 horas somente, finalmente. Será que nenhum corvo nos salva?).

O tempo do amor vai sendo marcado pela decomposição da rocha,
O coral dos dinossauros tristes só cresce durante o dia.
Lâminas claríssimas nos confundem,
Depositamos nossa lama na tábua daquele satélite.

Dentro do Segredo Glacial de uma rave em Santa Cecília,
as sombras dos ponteiros fraturados.
Nosso foco flutuante.
Beijo que vem grudado em um iceberg,
as estradas xamânicas de Jabaquara.

(quando chegamos Roberto Piva falava de robôs pederastas e como Isaac Asimov estava errado. Cláudio Willer nos apresentou a bela geologia da sintonia das nuvens).

Prédios de montanhas,
continentes colidem,
o encaixe já se abriu,
Maiakovski previu a obliquidade das almas.
A lua negra do tempo,
a morte daquele oceano é o pulsar deste;
os óculos do planeta se perdem na bruma do pulsar dessas galáxias.
Em quantos universos cabem?
enquanto universos cabem.

Nadja e Breton, Oswald e Tarsila, o grande Big Bang.

Estrelas mortas nos guiam,
o polvo selvagem nos mostra suas sombras,
Ruína de nuvens,
Ilhas de tabuleiros,
leites de sangue,
leites de sangue.

Continentes colidem,
Nenhuma tatuagem do sol.

Três astronautas caminham depois do escuro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo poema-crônica-poética do encontro intergalático Xamânico sensorial! Vivam as estradas xamânicas de Jabaquara.

7D.

Carleto Gaspar 1797 disse...

Fascinante!!!!

Há tempos não lia uma poesia que me agradasse tanto

Essa mistura surrealista de tempos e domínios

De referências geográficas e literárias

“O coral dos dinossauros tristes só cresce durante o dia”

Magistral

Assim que eu quero escrever!!!!

E num sei nem como vim parar nesse blog...