MANHATÃ: Aqui quis me lembrar primeiramente da maneira carinhosa como Cazuza chamava Manhattan de Manhatã lembrando sua descendência indígena. Adoro esses nomes sonoros e Manhatã assim fica ainda mais linda. Caetano mesmo fez uma canção muito boa sobre Manhatã, a cunhã do dinheiro com a Estátua da Liberdade colocada como um Leviatã do amor. Manhatã definitivamente é a deusa mais imaginada do mundo, lugar em que inclusive eu morei dos dez aos treze anos. Ela é o cenário perfeito para se perguntar por que Marcel Duschamp resolveu jogar xadrez e largar os seus readymades ? Os paraísos descartáveis e mágicos do cinema nos ajudam a entender um pouco essa deusa da aglomeração, Manhatã. Se o FLA-FLU inventou a multidão como disse Nelson Rodrigues, foi por uma boa causa.
Aqui entra mais uma vez a casa de Andy Wahrol como processo mágico de móveis com gás de hélio e flutuantes e claro minha obsessão em criar santos e orixás para os norte-americanos. Um terreiro na área nobre de Nova Iorque Battery Park ao som da bossa novíssima ´´The Girl from Orange County``. The Last Poets que me refiro aqui é um grupo de poetas e músicos rap do Harlem dos anos 70 com esse nome premonitório de que os poetas seriam os novos índios dessa alta modernidade. Love ruins everything é o nome de uma música pop do escocês Lloyd Cole, ex-integrante da banda Llyod Cole and the Commotions. Outro escocês a se radicar em Nova Iorque foi David Byrne, o fundador do Talking Heads e responsável pela nova valorização de Tom Zé. Poderia também falar de David Bowie, britânico radicado em NY, mas não falei. Como se vê Manhatã é um desterro para os homens de boa cobiça. Está aqui nesse momento em cartaz o filme ´´Os Cafajestes`` de Ruy Guerra.
Na frase ´´Paranóia com brócolis`` cito Roberto Piva com a junção de dois livros seus ``20 poemas com brócolis`` e ´´Paranóia``, como se só mesmo o Piva pudesse explicar NYC. ´´The Fall of America`` é o livro de Allen Ginsberg em que ele continua a profecia de William Blake de que os Estados Unidos se auto-implodiria em duzentos anos. Para falar sobre tudo isso Lou Reed não poderia faltar, claro. Nova-iorquino e fundador do Velvet Underground o músico possui as letras mais estranhas sob fundos musicais amorosos de baladas. São baladas sangrentas as de Reed, que só são passíveis de explicáveis quando se anda pelo Guggeinheim, museu circular na beira do Central Park. O clássico Take a walk onthe wild side é inspirado em romance de Nelson Algren, e fala do submundo como poucos escritores o atingiram a até hoje.
Não me esqueço nunca de uma exposição que vi qundo tinha 17 anos no Guggeinheim dos homens da cartola de René Magritte, foi a primeira coisa que enxerguei na vida que me provocasse mistério, depois fui perseguir esse homem da cartola e o encontrar nas ilustrações de capas do Pink Floyd. Mas, voltando ao Guggeinheim, faltou falar de uma capa para uma antologia dos Beatles tirada de cima dentro do museu. Em final fantasmagórico imagino algum herói POP como Michael Jackson sobrevoando de lá pelo Central Park West para chegar até a Avenida Pindorama, lugar onde se samba rock and roll e os deuses tupiniquins são yankees também.
Esse é o lugar da Mátria dos Estados Unidos do Universo em que não se tenha hierarquia de culturas, Manhattan é Manhatã e as duas convivem bem, nenhuma cultura quer se impor ou tolerar a outra, mas apenas sobreviver. Esse é o lugar mágico, e não o da globalização, já que sabemos bem que o termo globalização só foi criado quando acabou a União Soviética, e a hegemonia norte-americana se torna global. Não mais bi-polarizada pela Guerra Fria. Manhatã pode ser a utopia realizada contra a cultura globalizada pelos EUA, o paraíso tupiniquim dentro de Nova Iorque pode ser o veneno que nos cure, por isso ainda buscamos.
ESTADOS UNIDOS DA VERTIGEM: Esse é o meu texto mais amoroso, e por isso aé mais incoerente. Coloco aqui com a provocação que vê os concretos em um paideuma surrealista, ou no mínimo fora das fronteiras épicas da poesia que se quer matemática, ou outdoor. Sou aqui pela vertigem de outdoors líricos em que se vendam anúncios que façam as pessoas se emocionarem. Se Lee Oswald (assassino de J.F. Kennedy) pudesse conversar com Oswald e devorá-lo em vez de matá-lo, como bem diz o Domingos, poderíamos ter uma visão mais satisfatória aqui. Importante ressaltar aqui o livro ´´Cidade Vertigem`` do meu tio Afonso Henriques Neto, que livremente me inspirei no título. Tentei me utilizar também da frase que Jorge Mautner me disse aqui sobre terem sido os jesuítas que criaram o samba, e que o Padre Antônio Vieira foi o primeiro tropicalista da história. Até hoje rumino sobre isso, um dia chego lá. Esperamos pelo dia em que seremos cósmicos e Flash Gordon nos faça mais sentido do que já faz.
Novamente aqui vou falar de Jean Baudrillard descrevendo a America como lugar de highways sideral, bom, esta é a visão de um francês sobre os Estados Unidos, basta falar isso. ´´Because we have visions instead of televisions`` é uma frase de um livro que o Mariano me deu quando viajou para Califórnia e é todo de poemas ideológicos sobre os imigrantes ilegais mexicanos nos EUA. Uma ironia, já que esse imenso território era dos mexicanos e foi roubado pelos yankees. Hoje eles constroem cercas elétricas para impedir contato. Me aproprio aqui da causa mexicana contra os mitos em conserva de EUÁ e desse livro que li em um clima F FOR FAKE de Orson Welles ou LOVE AND THEFT de Bob Dylan; me aproprio de informações e as utilizo no meu jogo de armar.
OS BASTIDORES ANÔNIMOS DE KANSAS CITY: Esse texto tem uma história bem engraçada porque é uma paródia a Edmund White, biógrafo norte-americano de Rimbaud, Jean Genet e Marcel Proust. O escritor gay, na lógica multiculturalista de seu livro The Joy of Gay sex, residente em Paris onde escreveu um guia da capital francesa em que ele se descreve como um flâneur na cidade, e desenvolve uma imagem altamente mitificada desta. Esse texto, portanto, satiriza e homenageia esse guia sentimental de Paris de Edmund White, como se o Kansas City fosse muito mais cosmopolita do que qualquer lugar do mundo, o auge do cosmopolitismo, talvez o seja. Talvez Kansas City beire a perfeição como a descrição exagerada e deslumbrada sobre Paris de Edmund White, esse ótimo biógrafo e romancista, mas que infelizmente é natural do Ohio. Ele nao enxerga que as Kansas Hell Fighters podem ser tão existencialistas quanto as francesas do Café Mondrian. E por que não ?
Termino o texto desenvolvendo um diálogo fantástico entre o surrealista francês Paul Valery e Jack Kerouac em plena Kansas City, já que em On the Road Kerouac chega até ao Kansas e a descreve como lugar em que o amanhecer é ilusionista e alaranjado. Bob Dylan com seu Jokerman entra ali para mediar o diálogo. ´´Uma mulher acaba de parir um dinossauro`` é uma imagem do primeiro filme de David Lynch, o Eraser Head, em que essa cena insólita realmente acontece. É bom lembrar por último que Kansas City, também, não é uma cidade comum, já que se encontra fundida à sua vizinha homônima localizada no estado do Missouri, isso é seu território se funde em dois Estados e é um amálgama de alguma coisa nova.
Aqui entra mais uma vez a casa de Andy Wahrol como processo mágico de móveis com gás de hélio e flutuantes e claro minha obsessão em criar santos e orixás para os norte-americanos. Um terreiro na área nobre de Nova Iorque Battery Park ao som da bossa novíssima ´´The Girl from Orange County``. The Last Poets que me refiro aqui é um grupo de poetas e músicos rap do Harlem dos anos 70 com esse nome premonitório de que os poetas seriam os novos índios dessa alta modernidade. Love ruins everything é o nome de uma música pop do escocês Lloyd Cole, ex-integrante da banda Llyod Cole and the Commotions. Outro escocês a se radicar em Nova Iorque foi David Byrne, o fundador do Talking Heads e responsável pela nova valorização de Tom Zé. Poderia também falar de David Bowie, britânico radicado em NY, mas não falei. Como se vê Manhatã é um desterro para os homens de boa cobiça. Está aqui nesse momento em cartaz o filme ´´Os Cafajestes`` de Ruy Guerra.
Na frase ´´Paranóia com brócolis`` cito Roberto Piva com a junção de dois livros seus ``20 poemas com brócolis`` e ´´Paranóia``, como se só mesmo o Piva pudesse explicar NYC. ´´The Fall of America`` é o livro de Allen Ginsberg em que ele continua a profecia de William Blake de que os Estados Unidos se auto-implodiria em duzentos anos. Para falar sobre tudo isso Lou Reed não poderia faltar, claro. Nova-iorquino e fundador do Velvet Underground o músico possui as letras mais estranhas sob fundos musicais amorosos de baladas. São baladas sangrentas as de Reed, que só são passíveis de explicáveis quando se anda pelo Guggeinheim, museu circular na beira do Central Park. O clássico Take a walk onthe wild side é inspirado em romance de Nelson Algren, e fala do submundo como poucos escritores o atingiram a até hoje.
Não me esqueço nunca de uma exposição que vi qundo tinha 17 anos no Guggeinheim dos homens da cartola de René Magritte, foi a primeira coisa que enxerguei na vida que me provocasse mistério, depois fui perseguir esse homem da cartola e o encontrar nas ilustrações de capas do Pink Floyd. Mas, voltando ao Guggeinheim, faltou falar de uma capa para uma antologia dos Beatles tirada de cima dentro do museu. Em final fantasmagórico imagino algum herói POP como Michael Jackson sobrevoando de lá pelo Central Park West para chegar até a Avenida Pindorama, lugar onde se samba rock and roll e os deuses tupiniquins são yankees também.
Esse é o lugar da Mátria dos Estados Unidos do Universo em que não se tenha hierarquia de culturas, Manhattan é Manhatã e as duas convivem bem, nenhuma cultura quer se impor ou tolerar a outra, mas apenas sobreviver. Esse é o lugar mágico, e não o da globalização, já que sabemos bem que o termo globalização só foi criado quando acabou a União Soviética, e a hegemonia norte-americana se torna global. Não mais bi-polarizada pela Guerra Fria. Manhatã pode ser a utopia realizada contra a cultura globalizada pelos EUA, o paraíso tupiniquim dentro de Nova Iorque pode ser o veneno que nos cure, por isso ainda buscamos.
ESTADOS UNIDOS DA VERTIGEM: Esse é o meu texto mais amoroso, e por isso aé mais incoerente. Coloco aqui com a provocação que vê os concretos em um paideuma surrealista, ou no mínimo fora das fronteiras épicas da poesia que se quer matemática, ou outdoor. Sou aqui pela vertigem de outdoors líricos em que se vendam anúncios que façam as pessoas se emocionarem. Se Lee Oswald (assassino de J.F. Kennedy) pudesse conversar com Oswald e devorá-lo em vez de matá-lo, como bem diz o Domingos, poderíamos ter uma visão mais satisfatória aqui. Importante ressaltar aqui o livro ´´Cidade Vertigem`` do meu tio Afonso Henriques Neto, que livremente me inspirei no título. Tentei me utilizar também da frase que Jorge Mautner me disse aqui sobre terem sido os jesuítas que criaram o samba, e que o Padre Antônio Vieira foi o primeiro tropicalista da história. Até hoje rumino sobre isso, um dia chego lá. Esperamos pelo dia em que seremos cósmicos e Flash Gordon nos faça mais sentido do que já faz.
Novamente aqui vou falar de Jean Baudrillard descrevendo a America como lugar de highways sideral, bom, esta é a visão de um francês sobre os Estados Unidos, basta falar isso. ´´Because we have visions instead of televisions`` é uma frase de um livro que o Mariano me deu quando viajou para Califórnia e é todo de poemas ideológicos sobre os imigrantes ilegais mexicanos nos EUA. Uma ironia, já que esse imenso território era dos mexicanos e foi roubado pelos yankees. Hoje eles constroem cercas elétricas para impedir contato. Me aproprio aqui da causa mexicana contra os mitos em conserva de EUÁ e desse livro que li em um clima F FOR FAKE de Orson Welles ou LOVE AND THEFT de Bob Dylan; me aproprio de informações e as utilizo no meu jogo de armar.
OS BASTIDORES ANÔNIMOS DE KANSAS CITY: Esse texto tem uma história bem engraçada porque é uma paródia a Edmund White, biógrafo norte-americano de Rimbaud, Jean Genet e Marcel Proust. O escritor gay, na lógica multiculturalista de seu livro The Joy of Gay sex, residente em Paris onde escreveu um guia da capital francesa em que ele se descreve como um flâneur na cidade, e desenvolve uma imagem altamente mitificada desta. Esse texto, portanto, satiriza e homenageia esse guia sentimental de Paris de Edmund White, como se o Kansas City fosse muito mais cosmopolita do que qualquer lugar do mundo, o auge do cosmopolitismo, talvez o seja. Talvez Kansas City beire a perfeição como a descrição exagerada e deslumbrada sobre Paris de Edmund White, esse ótimo biógrafo e romancista, mas que infelizmente é natural do Ohio. Ele nao enxerga que as Kansas Hell Fighters podem ser tão existencialistas quanto as francesas do Café Mondrian. E por que não ?
Termino o texto desenvolvendo um diálogo fantástico entre o surrealista francês Paul Valery e Jack Kerouac em plena Kansas City, já que em On the Road Kerouac chega até ao Kansas e a descreve como lugar em que o amanhecer é ilusionista e alaranjado. Bob Dylan com seu Jokerman entra ali para mediar o diálogo. ´´Uma mulher acaba de parir um dinossauro`` é uma imagem do primeiro filme de David Lynch, o Eraser Head, em que essa cena insólita realmente acontece. É bom lembrar por último que Kansas City, também, não é uma cidade comum, já que se encontra fundida à sua vizinha homônima localizada no estado do Missouri, isso é seu território se funde em dois Estados e é um amálgama de alguma coisa nova.
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