7 de fev. de 2009

Manhattéia desvairada




Don`t believe the hype, a burguesia sem tesão é encantadora. A vanguarda do atraso planta seus acordes caídos, acordes caídos são estrelas, estrelas são acordes decaídos no evangelho do submundo. O rei do pragmatismo mandou avisar que a desordem em progresso deve continuar e viva o nosso positivismo sujo e concreto. As bossinhas continuam ecoando em todos os elevadores e aeroportos da América. Mulheres em transe mergulhadas na Manhattéia desvairada, a Iracema da América nos saúda.

Hélio Oiticica perguntou ao pó e você tinha mesmo que atirar sua cabeça no clarão do chão para comprovar sua intransponibilidade, mergulhar de testa no carpete da sala para mostrar que o instante existe, o tempo existe assim como a sua autodestruição. Aquela madrugada foi bem real e todos comemorávamos gravíssimos. As paredes descascadas sustentavam toda a nossa locomoção.

Mas, afinal quantos metros tem o World Trade Center mesmo? Cinco mil mortos quadrados. Este é o bom vazio criador de quem compra decadência e recebe em casa delivery o pó da terra. Vamos colocar nosso ego no bolso? Um Irreality Show é lançado através de uma catastrofe bonita: Como bem sabe a fantástica ONG do Ronald Mc Donalds de hambúrgueres e sonhos, os jesuítas fizeram um trabalho voluntário maravilhoso com os indígenas, Padre Antônio Vieira que o diga. Klaxon. Klaxon.

As técnicas de vanguarda como a bricolagem, hoje em dia foram substituídas pelas fascinantes experiências de jardinagem, e é por isso mesmo que o ex-vanguardista Tom Zé as pratica e faz um sucesso tremendo em Manhatã. Os mercados oferecem vírus orgânicos para serem consumidos pela civilização da felicidade em liquidação. Nesse presente recreativo o que nos resta é bailar aos sons das rajadas de tiros biodegradáveis e dançantes.

Marcelo do Campo descobriu a latrina e foi jogar xadrez só para comemorar o fato , mas antes inverteu uma rodinha de bicicleta para dizer que não era besta nem nada. O tempo não pesa aqui. A rua do corpo é composta por um agregado de carne e ossos que ligam essas concretudes do tato de um olhar, um cheiro do gosto, um sangue da palavra. Mas, qual a paisagem que cala mais fundo? Quero entrar na Academia Brasileira dos Músculos.

Entrarei para a Academia Brasileira dos Músculos através de minha busca distraída e descompromissada que celebrará seus demônios em arena pública. A concretude da rua é composta por um agregado de carne e ossos que liga seu asfalto aos corpos. Mas, e a pedra que está na estátua é a mesma que cobre o muro? Um vôo de pássaro com pólvora.

Manhattéia desvairada, Nadja e Breton, Oswald e Tarsila caminham por suas manchas lunares e asas postiças. Passamos todos os carnavais dormindo? . O beijo mal dito denunciava que a linguagem era muito mais do que mera tirania matemática, muito mais do que mero filho bastardo da sua pirotécnica construtivista. A linguagem era palpável sim, tão palpável como uma abstração. E quem poderia negar as ruas de músculos e os revólveres de olhos azuis?

´´Em Nova Iorque a dança do pedestre é harmonia, não se parece com agonia. As danças urbanas contribuem para definir a habitabilidade de uma cidade, essa dança que o pedestre tem direito de coreografar nos cruzamentos perigosos. Manhatã é o mapa de si mesma, tão ao alcance que se confunde com sua própria representação, como se fossem ali terras do mapa. Em Nova Iorque as ruas são anônimas, no Brasil são nomes de heróis, deuses e artistas.``

Mas, se até a forma como as pessoas interagem nas ruas é performática, será esta uma semelhança da arte da vida ou da vida da arte? Manuel Bandeira dança um Fox-trot. E já que o Paulo Leminski escreveu seu Catatau nos anos 80, quem irá se encarregar do Zé Colméia? Os dólares se derretem nesse mundo transparente de shopping centers diáfanos, translúcidos e interiorizados. Chora Babel, não me sairá da cabeça a imagem do Zeppelin sendo queimado pelos submundos de veludo de Manhattan naquela capa de disco do Led Zeppelin.
A liberdade sem vírgulas no mercado afetivo está sendo vendida à prazo . A Tropicantrália comemora Zé Carioca na querela yankee do carnaval.

Chora Babel, pois é preciso se testar a concretude do chão. É preciso sustentar a vigília até tarde para se saber quem se pode afogar. É flagrante que existem pessoas com uma árvore plantada na cabeça. Chora Babel, as artérias da noite são navalhas recolhidas na tranqüilidade. Os nossos heróis ainda apodrecem no vento. Chora Babel, o teto ainda lateja no vídeo.Um cavalo de ogum monta guarda na NASA, George Bush com o famoso kipá texano come sua pipoca de nuvens. Poemas de Maiakovski já são vendidos nas lojas de conveniência. Marylin Monroe já foi deglutida pelo caos.

Chora Babel, todas as mulheres da Fifhth Avenue são videntes no nomadismo das putas e na deselegância do acaso da Broadway. Enquanto isso a mulher mais triste do mundo abre suas janelas para chorar horrores. Este é o design sensorial de Andy Wahrol com seus móveis flutuantes de gás de hélio e barbantes para ser puxada de volta a superfície quando se quer usá-los. Seu quarto vai dar de frente para uma plantação de papoulas na usina dos girassóis, não, não a do tráfico internacional de ópio, mas a de magnólias nas tatuagens de transparências em sua pele. Então, a mulher mais triste do mundo só sossega quando abrem a tal janela do Central Park. Trazemos para você quantas nuvens delivery se quiser. Chora Babel.

7A

http://www.youtube.com/watch?v=7IiLZ0dvDWU
http://www.youtube.com/watch?v=mak-aWAcXYM&feature=related

2 comentários:

Anônimo disse...

E quem é mais interessante? O Jordy, Malu Magalhães, a Sandy, ou os 3 juntos?

Unknown disse...

o jordy é muito melhor do que a malu magalhães!
http://www.youtube.com/watch?v=mak-aWAcXYM&feature=related