Terminada a primeira rodada da copa do mundo de 2010 fico pensando sobre o que esperavam os jornalistas esportivos. Vejo as mesas redundantes e os gritos por futebol arte, por alegria de jogar, por jogos emocionantes, sem pragmatismo. Estes são os verdadeiros primatas pragmatas! Alguém disse por aí que uma luta de boxe nunca é vencida sem emoção, nunca alguém venceu feio, ninguém pede no dia seguinte um boxe moleque, e sim um “vai lá moleque e vence essa porra”. É tudo verdade. Como é verdade que ninguém vence feio uma partida de vôlei, nunca é injusta uma partida de basquete. Mais uma vez o futebol impõe tudo aquilo que a lógica do pragmatismo eficiente não comporta. O futebol é tão lindo que é o único jogo que se pode vencer jogando feio. Pode-se transformar 89 minutos em algo desastroso, improdutivo, inepto e em 1 minuto liquidar a fatura com um chute torto de fora da área que resvalou em alguém. A preguiça de um toque pro lado, o tempo que passa sem que nada aconteça pode ganhar um jogo, um campeonato, um mundial! Essa é a lição italiana que no seu caos interno desestabiliza a cadência da partida. Assim é o Brasil em seus grandes dias, quando volta bola da intermediária de ataque pra de defesa como se dissesse: “Calma! Vamos começar tudo de novo pra ver se sai mais divertido agora!”. Os shows de Garrincha quando driblava o goleiro e na cara do gol escancarado voltava pra driblar todo mundo de novo. Pra que o gol? O futebol é improdutivo, isso os pragmatas não entendem! Não digo fora das quatro linhas com seus bilhões ferozes e seus jogadores coisificados por grandes marcas. Digo dentro do gramado no tempo que não se lê! O basquete é Chronos, o futebol é Aeon. Ninguém aqui busca a contagem regressiva, da morte, que busca a imparcialidade do zero. O tempo no futebol não para nunca, nos seus 90 minutos partidos em dois que podem ser acrescidos de um pouquinho mais dependendo de estranhos fatores imponderáveis! O futebol é o único que pode ser feio, preguiçoso, história mal contada, como uma boa literatura deve ser. Os colonizadores, quando chegaram nas Américas, acharam que o índio era preguiçoso porque não produzia com eficiência! Hoje estamos aí sufocados pelo lixo que eficientemente produzimos e agora não podemos engolir. A improdutividade, a preguiça, é isso que vai salvar o mundo. Precisamos desse freio pra descansar o planeta de tanto fast forward. Precisamos mesmo é desse toque pro lado do half enquanto o center forward descansa sobre a grama, com as mãos, que não pode usar no jogo, sabiamente apoiadas nas cadeiras. Eu na minha cadeira contra os pragmatas de plantão.
Ai que preguiça!
Um comentário:
Juka Kfouri é 1 pragmata de plantão! Tantos e tantos......Fernando Calazans....Paulo César Vasconcellos....quantos profetas da objetividade nesta arena de pseudo intelectuais.....
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